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sábado, 1 de agosto de 2009

Casa: máquina de habitar

Quando observamos a linha evolutiva da casa, desde os tempos das cavernas até hoje, vemos que o início do século vinte testemunhou talvez o maior salto, e esta época foi chamada de modernismo. A revolução industrial iniciada pouco antes trouxe a descoberta e uso de novos materiais utilizados na construção civil, como o ferro e o vidro. Por todos os lados surgiam movimentos de contestação ao velho, e em contrapartida, apresentavam-se alternativas e caminhos mais coerentes a toda essa efervescência.

Dentre tantos manifestos, os escritos pelo arquiteto Le Corbusier por volta de 1920, mostram todo o vigor e o radicalismo de uma nova visão, atual ainda em nossos dias. Le Corbusier e sua turma citam a construção de transatlânticos e aviões como síntese de boa resolução espacial. Veja o que ele diz:” Os arquitetos vivem na estreiteza das aquisições escolares, na ignorância das novas regras de construir, e suas construções param habitualmente nas pombas que se entrebeijam. Mas os construtores de transatlânticos, ousados e sábios, realizam palácios juntos dos quais as catedrais são bem pequenas: e eles os atiram na água! A arquitetura asfixia-se nos hábitos.”

A observação destas “máquinas” modernas e a resolução espacial destes espaços ajudou na nova concepção da casa . Começou-se então a falar em máquina de habitar. A criatividade no uso inusitado de novos materiais e principalmente o modo extremamente racional de arranjar esses espaços com suas circulações e limitações serviu de exemplo a ser seguido na casa deste novo homem. Hoje mais do que nunca podemos usar este conceito de “máquinas”, uma vez que a complexidade aumentou e também a necessidade em racionalizar energia.

Relacionando a casa aos aviões Corbusier diz: “ Coloco-me, do ponto de vista da arquitetura, no estado de espírito do inventor dos aviões. A lição do avião não está tanto nas formas criadas e, para começar, é preciso aprender a não ver em um avião um pássaro ou uma libélula, mas uma máquina de voar; a lição do avião está na lógica que presidiu ao enunciado do problema e que conduziu ao sucesso de uma realização. Quando um problema é colocado, na nossa época, sua solução é fatalmente encontrada.”

Isso posto, pode ao menos aguçar nossa curiosidade em observar mais atentamente cada vez que temos oportunidade de usar barcos e aviões. Podemos fazer um contraponto com a nossa casa ou imaginar como ela poderia ser do ponto de vista totalmente mecânico e funcional, e que, nem por isso pode deixar de ter alma e personalidade.

Arq. Mário Vinicius Born

3238 2763

9968 2649

contato@marioborn.com

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